quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Favela...






Favela, quarto de despejo
lugar do abandono
onde o pobre é depositado
sem esperanças de um dia dali sair.
A diáspora africana se repete na cidade brasileira
os políticos a cada ano pensam que me enganam

Negridade, negra cor, preta sou...
Esta é a cor que mais predomina
no lugar, onde a maioria de nós tem que voltar
depois de uma longa jornada de trabalho
árdua, nada fácil!
inclusive para as mulheres de vida difícil...

É preciso mudar esta situação!
Mas como?
Com informação, educação,
essa é uma solução

A cada dia o pão fica mais caro
a carne escassa
o arroz e feijão nem se fala
Foi o que restou para nossa raça

Para mim ficou a casa grande...
Onde também limpo o assoalho
Que nada se compara a meu barraco
E os meus braços cansados
Meus trapos
Quisera eu que fossem como as elegantes roupas
Que as madames da cidade iluminada vestem...
Eita vida ingrata!
Vida de preta favelada...

Mas lutar eu vou!
Vou honrar meu povo
meus antepassados
a minha mãe
guerreira que veio do interior
pra tentar dar à família
uma vida melhor...
Trabalhou na casa do senhor
e quando quis ir embora
teve que sair às escondidas
como se a escravidão
já não tivesse terminado

Hoje ela é professora
e eu também quero e vou ser
Posso não conseguir resolver nada
mas faço a minha parte
com muito coração e arte

As coisas que penso serem 
mais importantes desta vida
são:
Amor
Irmandade
Saúde
Prosperidade...
Saber ler
Escrever
Estudar para entender
como funcionam as leis
e lutar para nos defender
ou morrer tentando..
A minha parte eu vou fazer!
E você?


06/08/2014
Inspirada nas leituras de Quarto de Despejo de Carolina de Jesus e Negridade de Ruimar Batista


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